Lições de viagem 2

 

Paris, sempre Paris

 

 

La Seine est aventureuse

De Chacirctillon à Méry,

Et son humeur voyageuse

Flacircne à travers le pays …

Elle se fait langoureuse

De Juvisy à Choisy

Pour aborder, l’acirc;me heureuse,

L’amoureux qu’elle a choisi !

Elle roucoule, coule, coule

Dès qu’elle entre dans Paris !

Elle s’enroule, roule, roule

Autour de ses quais fleuris !

Elle chante, chante, chante, chante,

Chant’ le jour et la nuit,

Car la Seine est une amante

Et son amant c’est Paris !

 

Depois de cinco dias sob o céu cinzento e as constantes chuvas de Londres, encontrar Paris com o céu azul tornou tudo ainda mais bonito. Nem a ausência de folhas nas árvores é suficiente para empanar a beleza da cidade. Como comentei em meu artigo anterior, o encanto é imediato. E a paixão, eterna.

Turismo – Paris detém, há muitos anos, a condição de maior destino turístico do mundo. E não resta dúvida, de que o faz por merecer. Das vantagens de ostentar essa condição, a maior delas diz respeito à receita que a França obtém com os gastos de deslumbrados visitantes de todas as partes do mundo em seus museus, sua igrejas, seus monumentos, suas exposições, além dos incontáveis cafés, bares e restaurantes. Quanto não representam esses recursos na contabilidade nacional do país?

Cidade do mundo – Sendo o maior pólo de atração turística do planeta, é natural que Paris dê a quem tem o privilégio de visitá-la a sensação de que está no centro do mundo, tal a diversidade de idiomas e etnias com que qualquer um deverá se defrontar ao longo de cada dia desfrutado na cidade, principalmente se o visitante percorrer os roteiros mais tradicionais, tais como Torre Eiffel, Arco do Triunfo, Notre Dame, Sacre Coeur, Madeleine, Museu do Louvre, Les Invalides, Place du Tertre etc., o que é absolutamente compreensível para quem vai à cidade pela primeira vez. No caso de Paris (e de Londres também), no entanto, essa sensação não se limita aos turistas, estendendo-se ao elevadíssimo número de estrangeiros que trabalham no local, ocupando postos de trabalho bastante variados, desde os menos valorizados na pirâmide ocupacional – garçons, arrumadeiras de hotéis etc. – até alguns muito disputados e extremamente bem remunerados, como, por exemplo, no mercado financeiro e de capitais. Há, ainda, um contingente considerável de estrangeiros na atividade acadêmica, quer como professores quer como estudantes, o que faz com que a sensação de cidade do mundo seja válida também nas universidades e em suas redondezas.

Culinária – Como escrever sobre Paris sem destacar a sua inigualável culinária? Novamente, aqui, aplica-se o mesmo comentário feito em relação ao turismo: Paris faz jus – e como – à fama de grande centro gastronômico internacional. Só que, ao contrário de algumas cidades nas quais para se comer bem há necessidade de se gastar uma verdadeira fortuna, em Paris é possível perceber a preocupação com a qualidade da comida em qualquer dos milhares de cafés espalhados pela cidade, ou mesmo num mero cachorro quente ou um crepe adquirido num dos quiosques distribuídos pelas ruas e avenidas da cidade. Agora, se você quiser – e puder – ir a um restaurante de primeiro nível, não deixe de fazê-lo, pois provavelmente vai sair de lá com a impressão de ter conhecido algo próximo do paraíso, tamanha a qualidade dos pratos, das sobremesas e dos vinhos, sem contar o ambiente refinadíssimo. Ah, e se puder, não deixe também de deixar um tempinho livre pra um macaron no Ladurée e um Mont Blanc no Angelina, duas das mais famosas patissêries de todo o mundo e responsáveis pala fama dos franceses nesse quesito, aspecto aliás destacado no excelente filme Maria Antonieta. Bem, e para justificar um artigo como este nesta coluna, mais uma vez a pergunta: qual o impacto econômico deste setor para a França, notadamente num mundo interdependente, no qual serviços de assessoria e de consultoria são negociados o tempo todo por valores astronômicos?

Moda – Em seu artigo Ir à França é Chic, Circe Brasil realçou a elegância dos e das francesas. Realmente, dá gosto passear por ruas e avenidas como a Champs Elysées, a Fauburg Saint Honoré, a Montaigne, ou ainda pela Place Vandôme, não só para ficar admirando as griffes mais conhecidas do mundo, verdadeiros sonhos de consumo de qualquer mortal, mas também para ver a elegância das pessoas que por ali transitam. E gosto, convenhamos, não é apenas uma questão de dinheiro!!!

Cultura – Outra característica marcante de Paris diz respeito à cultura que está presente por toda a cidade, algo que vai muito além simplesmente da grande quantidade de museus e  e galerias de arte lá existentes. Respira-se cultura andando por Paris, sentando-se nos cafés, freqüentando suas peças e casas de show como em nenhum outro lugar do mundo.

Nacionalismo -Por fim, não gostaria de encerrar este artigo sem omitir uma observação acerca do exacerbado nacionalismo francês. Ele está presente em qualquer setor de atividade, num grau mais ou menos explícito. Não estou com isso fazendo uma crítica pura e simples ao nacionalismo, seja ele qual for. Até porque, nesse item, incluo o orgulho – elogiável – de um povo que passou por momentos de grande aflição ao longo de sua história, em especial nas duas grandes guerras do século passado. Assim como entendo o justo orgulho que os franceses sentem por seu belíssimo hino nacional, ou por verdadeiras lendas da terra como Jean Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Charles Aznavour, Edith Piaf, Maurice Chevalier e Yves Montand. Mas não consigo deixar de reparar em aspectos mais prosaicos: experimente encontrar um vinho procedente de qualquer outro país no menu de um restaurante parisiense…

E, não se esqueça. Para os franceses, globalização não existe. O correto é mundialização. Vale a pena discutir?

 

 

 

 

 

Referências e indicações bibliográficas

CHESNAIS, François. A mundialização do capital. Tradução de Silvana Finzi Foa. São Paulo: Xamã, 1996.

 

Referências e indicações webgráficas

BRASIL, Circe. Ir à França é Chic. Disponível em http://www.lucianopires.com.br/iscasbrasil/iscas/abre_isca.asp?cod=1640.

 

Referências musicais

La Seine. Letra de Flavien Manod. Música de Guy Lafarge. Disponível emhttp://francois-jacqueline.letras.terra.com.br/letras/55814/.

La Marseillaise. Hino Nacional da França. Composto pelo oficial Claude Joseph Rouget de Lisle. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Hino_nacional_da_Fran%C3%A7a.