Guerra entre Rússia e Ucrânia: um ano

“Um ano depois, Kiev está de pé. A democracia permanece.”

Joe Biden

Contrariando as expectativas iniciais que sinalizavam para um conflito de curta duração, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia está completando um ano.

Seus principais impactos podem ser vistos a partir de três prismas. O primeiro diz respeito ao aspecto humano, envolvendo sofrimento, mortes e fluxos migratórios involuntários. O segundo relaciona-se a aspectos econômicos em razão da elevação de determinados preços, o que contribui para o aumento da inflação e a corrosão da renda. O terceiro está ligado ao comércio mundial, que registrou redução no volume de fluxo e nas cadeias de suprimento.

Os maiores impactos foram, sem dúvida, de ordem econômico-financeira, que se agravam à medida que a guerra se prolonga. Mas além do custo global, há efeitos localizados como, por exemplo, os decorrentes da escassez de gás e de energia, sentidos mais vigorosamente nos meses de frio intenso nos países do norte da Europa.

Embora a maior parte das análises se limite aos prejuízos econômico-financeiros, é preciso considerar uma série de outros efeitos perversos da guerra, entre os quais na segurança alimentar, na produção energética e no meio ambiente, com alterações na biodiversidade das regiões mais atingidas e impactos provocados por explosões, incêndios e bombas, que contaminam recursos hídricos essenciais à manutenção da vida.

Não só Rússia e Ucrânia têm tido suas economias atingidas. Todos os países, direta ou indiretamente, estão entrando com sua quota de sacrifício. Alguns países europeus estão sendo mais prejudicados por dependerem do gás natural russo. Outros, da África, sentem demais porque a oferta de alimentos é em grande parte originária não apenas dos dois países diretamente envolvidos no conflito, mas também de vizinhos do leste europeu cuja produção foi reduzida.

Como a economia está globalizada e o Brasil não é uma ilha, a guerra contribui negativamente para o nosso país estimulando as pressões inflacionárias e freando as expectativas de crescimento, somando-se, com isso, às instabilidades internas ligadas à crescente percepção de ausência de planejamento por parte do governo, falta de sintonia de alguns de seus integrantes e indícios de desrespeito às instituições, com constantes ameaças de mudanças nas regras do jogo. Essa combinação de fatores faz com que os investidores, tanto locais como estrangeiros, repensem suas estratégias de investimento.  Entre os aspectos positivos, a guerra abriu ao Brasil maiores possibilidades de exportação de alguns produtos alimentícios e estimulou o aumento da área plantada de produtos como o trigo que teve seu preço muito valorizado.

Na semana em que a guerra completa um ano, o presidente Joe Biden fez rápida visita à Ucrânia, ratificando o apoio norte-americano. Enquanto estava na capital ucraniana, Biden se encontrou com o presidente Volodymyr Zelensky e com a primeira-dama Olena Zelensky no palácio presidencial. Em comentários conjuntos ao lado de Zelensky, Biden anunciou meio bilhão de dólares em assistência à Ucrânia, afirmando que o pacote incluiria mais equipamento militar, incluindo munição de artilharia.

Não se vislumbram, infelizmente, sinais concretos do fim da guerra no curto prazo.