Minha viagem pela Economia

“Mais importante que as riquezas naturais são as riquezas artificiais da educação e tecnologia.”

Roberto Campos

Em março de 1974 embarquei numa viagem na estação Mackenzie, que ainda não era a do metrô, ainda que em setembro daquele ano fossem iniciadas as operações comerciais do metrô de São Paulo, com o trecho Jabaquara-Vila Mariana, da então linha Norte-Sul.

Aquela viagem me conduziu a uma profissão repleta de desafios e oportunidades, que tem como uma de suas principais características a de abrir a possibilidade de atuar num leque muito amplo de ocupações[1].

Percorri algumas dessas possibilidades e me permito discorrer brevemente sobre elas a seguir.

A primeira foi a academia, na qual permaneci por mais tempo e com maior assiduidade. Apesar de me formar pela Faculdade de Economia do Mackenzie, foi na FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado) a que me dediquei com maior intensidade, ocupando, além da função de professor, a de chefe de departamento, vice-diretor e diretor da Faculdade de Economia, permanecendo ligado à instituição por 36 anos, de 1981 a 2017. Paralelamente à FAAP, ministrei aulas nos cursos de graduação das Faculdades de Economia do Mackenzie e da São Judas Tadeu.

No exercício da docência, ministrei aulas de diversas disciplinas nas áreas de economia, metodologia científica, ciência política, criatividade e economia criativa, tanto em nível de graduação como de pós-graduação. A maior concentração dessas aulas foi das disciplinas do núcleo histórico do curso de Ciências Econômicas: História Econômica Geral (HEG), Formação Econômica do Brasil (FEB) e História do Pensamento Econômico (HPE).

Também tive oportunidade de atuar em think tanks, começando pelo Convívio – Sociedade Brasileira de Cultura, no qual adquiri enorme experiência nos cursos de formação política para estudantes e lideranças sindicais realizados em todo o território nacional, passando pelo Instituto Liberal, pelo Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial e pela Fundação Espaço Democrático.

Além dessas atividades estreitamente ligadas à área intelectual, mantive sempre um pé no setor empresarial, quer diretamente, quer em atividades de assessoria ou consultoria. Iniciei minha carreira profissional no Escritório Técnico Eurico Meili, como controller financeiro de projetos em engenharia e arquitetura e estive por alguns anos na Eletros – Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos.

Dediquei-me também por um longo período às entidades de representação dos economistas, começando como diretor-técnico do Sindicato dos Economistas, prosseguindo no Conselho Regional de Economia de São Paulo, onde ocupei a presidência no biênio 2000-2001, e concluindo no Conselho Federal de Economia, em que fui eleito para três triênios.

Por um breve período de quase dois anos, atuei no setor público, como assessor especial da presidência da São Paulo Turismo.

De todas essas experiências, guardo boas lembranças e a certeza de que a rigorosa e abrangente formação como economista me forneceu uma base sólida e um ferramental teórico mais do que suficiente para enfrentar os desafios de todas essas ocupações.

Mais recentemente, peguei uma nova ramificação na estrada dessa extensa viagem e aventurei-me a escrever alguns livros, dando continuidade a uma prática iniciada na Agência Planalto e continuada em diversos outros lugares nos quais elaborei centenas de artigos, artigos científicos e capítulos de livros. Os dois últimos exemplos (até agora) foram Das quadras para a vida, escrito em parceria com meu filho, e Viagem pela Economia, lançado exatamente há um ano. Essa atividade tem me proporcionado grande alegria, por meio do reconhecimento de leitores de diferentes partes do País.

Aliás, se me perguntassem qual a maior riqueza proporcionada pela profissão, eu não teria nenhuma dúvida em responder: o enorme contingente de amigos amealhados entre  alunos, professores, companheiros de trabalho nas empresas e nas entidades representativas e nas centenas de palestras em eventos nacionais e internacionais.

Por tudo isso, é com muito orgulho que comemoro na data de hoje o Dia do Economista, desejando felicidades a todos(as) que, como eu, abraçaram esta valorosa profissão.

Referências

MACHADO, Luiz Alberto; MACHADO, Guga. Das quadras para a vida: lições do esporte nas relações pessoais e profissionais São Paulo: Trevisan, 2018.

MACHADO, Luiz Alberto; Viagem pela Economia. São Paulo: Scriptum, 2019.

[1] No meu livro Como enfrentar os desafios da carreira profissional (Trevisan, 2012), há um subcapítulo focalizando a diferença entre profissão e ocupação, por muitos desapercebida.