Esclarecendo o que é o G20

 Paulo Galvão Júnior (*)

Katharine Buso (**) 

Luiz Alberto Machado (***)

 

1. Considerações iniciais

O presente artigo analisa os principais indicadores econômicos do Grupo dos Vinte (G20) em 2023, oferecendo uma visão        abrangente das tendências, desafios e oportunidades que moldaram o cenário econômico global.

Como um fórum crucial para as principais economias do mundo, o G20 desempenha um papel fundamental na formulação de políticas e na coordenação de esforços para impulsionar o crescimento econômico e enfrentar desafios comuns.

Ao examinar o desempenho de cada país-membro em termos de Produto Interno Bruto (PIB) nominal, taxa de crescimento, alíquota de imposto sobre empresas e taxa de inflação, podemos entender melhor as dinâmicas econômicas globais e as implicações para o futuro.

O G20 é um fórum internacional composto por 19 países membros, juntamente com a União Europeia (UE) e a União Africana (UA). Foi criado em 1999 em resposta à necessidade de uma plataforma que reunisse as economias mais importantes do mundo para discutir questões econômicas e   financeiras globais.

Os países membros do G20 representam uma parcela significativa da economia mundial, incluindo economias desenvolvidas e emergentes. E o G20 é considerado um dos principais fóruns de cooperação econômica e política global.

Em 15 e 16 de dezembro de 1999 ocorreu a primeira reunião de ministros da Economia e presidentes do Banco Central dos países integrantes do G20, realizada em Berlim, na Alemanha, organizada em conjunto pelo Canadá e pela Alemanha.

O objetivo principal do G20 era criar um fórum internacional para discutir questões econômicas e financeiras globais de forma mais ampla e inclusiva do que o principal grupo econômico existente até então, que era o Grupo dos Sete (G7). Assim sendo, o G20 significou um aumento do grau de legitimidade da governança global ao incorporar países em desenvolvimento cuja participação relativa na economia mundial tem crescido substancialmente nas últimas décadas.

A primeira cúpula do G20 de líderes foi realizada em 15 de novembro de 2008, em Washington, nos Estados Unidos da América (EUA) em meio à crise financeira global, e desde então o G20 se tornou o principal fórum para cooperação econômica internacional, onde os líderes discutem uma ampla gama de questões econômicas, financeiras e políticas globais.

Os 19 países membros do G20 são: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, EUA, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido (RU), Rússia e Turquia.

O G20 realiza cúpulas anuais, onde líderes de Governo e de Estado se reúnem para discutir uma ampla gama de questões, incluindo crescimento econômico, comércio internacional, regulação financeira, mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável e outros desafios como a pandemia da Covid-19, a fome mundial (735 milhões de pessoas famintas, conforme a FAO) e a pobreza global (3,4 bilhões de pessoas vivem com menos de US$ 5,50 por dia, segundo a OXFAM).

2. Os principais indicadores econômicos do G20

Em relação aos indicadores econômicos do G20, destacam-se o PIB nominal, a taxa de crescimento do PIB, a alíquota de imposto sobre a empresa e a taxa de inflação. Além disso, esses quatro indicadores fornecem uma visão geral do desempenho econômico dos 19 países membros na atualidade e são fundamentais para entender a resilência da sua economia em plena Quarta Revolução Industrial:

Tabela 1

Os principais indicadores econômicos do G20 na atualidade

 

País

PIB nominal em 2023 Taxa de crescimento do PIB em 2023 Alíquota de imposto sobre    a empresa em 2023 Taxa de inflação em 2023
EUA US$ 26,9 trilhões 2,5% 21% 3,3%
China US$ 17,7 trilhões 5,2% 25% -0,3%
Alemanha US$ 4,4 trilhões -0,3% 15% 3,9%
Japão US$ 4,2 trilhões 1,9% 30% 2,7%
Índia US$ 3,7 trilhões 7,3% 34% 5,7%
RU US$ 3,3 trilhões 0,1% 19% 3,4%
França US$ 3,0 trilhões 0,9% 31% 3,6%
Itália US$ 2,18 trilhões 0,7% 24% 0,6%
Brasil US$ 2,17 trilhões 2,9% 34% 4,6%
Canadá US$ 2,11 trilhões 1,5% 15% 3,9%
México US$ 1,81 trilhão 3,2% 30% 4,7%
Coreia do Sul US$ 1,71 trilhão 1,4% 27% 3,3%
Austrália US$ 1,69 trilhão 2,7% 30% 2,7%
Rússia US$ 1,32 trilhão 3,6% 20% 7,7%
Indonésia US$ 1,42 trilhão 5,1% 22% 2,6%
Turquia US$ 1,15 trilhão 4,5% 25% 64,8%
Arábia Saudita US$ 1,07 trilhão -0,9% 20% 1,6%
Argentina US$ 0,621 trilhão 2,8% 30% 211,4%
África do Sul US$ 0,400 trilhão 1,2% 27% 5,5%
Fontes: AUSTIN RATING e OCDE.

Na tabela 1 observamos claramente que os EUA têm o maior PIB nominal do G20, com US$ 26,9 trilhões em 2023. Seguem-se a China (US$ 17,7 trilhões) e a Alemanha (US$ 4,4 trilhões), de acordo com a Austin Rating. Dos países do G20, o menos rico é a África do Sul, com apenas US$ 400 bilhões.

A taxa de crescimento do PIB variou de país para país, refletindo diferentes dinâmicas econômicas e políticas. A maior taxa de crescimento econômico foi da Índia, com 7,3% em 2023. Enquanto, a pior retração econômica ocorreu na Arábia Saudita, com queda de 0,9% no ano de 2023, conforme a Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE).

A tabela 1 apresenta a alíquota de imposto sobre a empresa em países membros do G20, o que é um indicador relevante para entender as políticas tributárias e seu impacto no ambiente de negócios desses países. O Brasil tem a maior alíquota do G20, com 34%, conforme a OCDE.

A taxa de inflação variou também refletindo diferentes dinâmicas em cada país do G20, de acordo a Austin Rating. A Argentina liderou o ranking do G20 de taxa de inflação, com uma taxa anual de 211,4% em 2023. O Brasil, por sua vez, teve a sétima maior taxa de inflação do G20 no ano de 2023, com uma taxa anual de 4,6%. Enquanto, a menor taxa de inflação do G20 foi da China, com deflação de -0,3% no ano de 2023.

3. O Brasil e a agenda do G20 em 2024

Ao suceder a Índia em 2023, o Brasil assume a Presidência do G20 pelo ano de 2024 indicando três grandes prioridades: combate ao aquecimento global e promoção do desenvolvimento sustentável; inclusão social e combate à fome e à pobreza; reforma das instituições globais.

Por se tratar de um foro com natureza não institucional, o funcionamento permanente do G20 depende substancialmente do país que exerce a presidência rotativa por um ano.

Como país que preside o G20 em 2024, o Brasil sediará em novembro a XIX Cúpula de Líderes e sediou, em fevereiro, a reunião de ministros das Relações Exteriores e das Finanças dos países-membros no Rio de Janeiro e em São Paulo, a fim de discutir questões urgentes para o futuro da governança mundial e buscar soluções para os conflitos.

Entretanto, a reunião ministerial não produziu nenhuma declaração final, o que se atribui ao grau de dissenso dos membros sobre diversos temas, sobretudo os relacionados aos conflitos armados na Europa e no Oriente Médio, bem como à tributação das grandes fortunas.

Em coletiva de imprensa ao final do evento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que “os conflitos que estão em curso” foram responsáveis pelo impasse. Disse também que não foi possível chegar “nem que fosse uma nota sucinta, sobre um tema, para que nós pudéssemos soltar o comunicado [final]”.

É preciso ressaltar que o G20 é um fórum composto por países com diferentes sistemas políticos, culturais e econômicos, o que nem sempre facilita o consenso. As discussões e decisões tomadas no âmbito do G20 podem ter um impacto significativo nas políticas econômicas e sociais em todo o planeta, dada a influência dos 19 países membros, da UE e da UA. No entanto, sua importância como plataforma para a cooperação internacional continua a crescer em um mundo cada vez mais interconectado e interdependente.

4. Considerações finais

Em suma, o G20 representa 85% do PIB mundial, 65% da população global, 75% do comércio internacional e 79% da emissão de dióxido de carbono (CO2) do planeta. Ele desempenha um papel crucial na coordenação de políticas econômicas globais e na abordagem de desafios comuns enfrentados a cada cúpula.

É importante destacar que os indicadores econômicos do G20 em 2023 refletem uma diversidade de desempenhos e desafios. Enquanto algumas economias mantêm um crescimento sólido, outras enfrentam obstáculos como alta inflação e instabilidade fiscal.

Finalizando, a cooperação internacional e políticas econômicas prudentes são essenciais para promover um crescimento robusto, inclusivo e sustentável em todo o mundo.

 

(*) Paulo Galvão Jr. é economista, formado pela UFPB (1998), especialista em Gestão de RH pela UNINTER (2009), professor de Economia no UNIESP, conselheiro efetivo do CORECON-PB, sócio efetivo do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, autor de 12 e-books de Economia pela Editora UNIESP, autor e co-autor de centenas de artigos de Economia.

(**) Katherine Buso é economista, graduada pela FAAP (2014), com mestrado em estatísitica pela Universidad Católica de Chile (2018), CEO da Blue BI Solution.

(***) Luiz Alberto Machado é economista, formado pela Universidade Mackenzie (1977), é mestre em Criatividade e Inovação pela Universidade Fernando Pessoa (Portugal, 2012). Assessor da Fundação Espaço Democrático. Autor e co-autor de centenas de artigos nas áreas de Economia e Criatividade e dos livros Viagem pela Economia (2019) e Economia + Criatividade = Economia Criativa (2022), ambos publicados pela Scriptum Editorial.