Projeções econômicas do Brasil para 2018

Paulo Galvão Júnior[1]

Luiz Alberto Machado[2]

 

Com uma sólida formação humanista, um economista pode afirmar que quanto menor a intervenção do Estado na economia de mercado, mais rico será este país e mais qualidade de vida terá a sua população.

Os mais completos levantamentos dos indicadores dos países apontaram excelentes resultados onde a liberdade econômica reina e a melhoria das condições de vida é prioridade. Quando o economista olhar o TOP 10 do Índice de Liberdade Econômica do The Heritage Foundation e o TOP 10 do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) observará quais são os países líderes no mundo.

O Brasil é uma grande potência econômica, mas não está no TOP 10 do Índice de Liberdade Econômica nem tão pouco no TOP 10 do IDH mundial. No Índice de Liberdade Econômica o Brasil encontra-se na 140ª colocação e no IDH apresenta-se em 79º lugar.

Portanto, nossas projeções econômicas partem desta realidade. As projeções econômicas do Brasil para 2018 são favoráveis. Haverá espaços para o PIB brasileiro crescer. A nossa projeção é de que a taxa de crescimento do produto interno bruto (PIB) pode chegar a 3,0% no ano de 2018. Maior do que a previsão de crescimento da economia brasileira de 2,69% em 2018 do Relatório de Mercado Focus de 5 de janeiro de 2018. Maior, também, do que a perspectiva de 2,8% da FGV. E superior às projeções do Banco Mundial, da OCDE e do FMI de expansão do PIB do Brasil de 2,0%, 1,9% e 1,5%, respectivamente, para o ano de 2018. Todo esse otimismo, porém, vai depender da aprovação da reforma da Previdência em votação prevista, inicialmente, para o mês de fevereiro no Congresso Nacional.

É preocupante um pequeno aumento de R$ 17,00 no salário mínimo. Agora, no País, o salário mínimo em vigor é de R$ 954,00, ou seja, um reajuste de apenas 1,81%. Cerca de 45 milhões de brasileiros, entre trabalhadores, aposentados e pensionistas, recebem um salário mínimo por mês. Para aumentar o consumo das famílias brasileiras é preciso um salário mínimo necessário para suprir suas necessidades básicas.

A conta de energia elétrica em janeiro de 2018 não terá uma cobrança extra, terá bandeira verde. Menos tributos, mais consumo das famílias nos 5.570 municípios brasileiros. Nos próximos doze meses, o Brasil, que é o quinto maior país do planeta, irá acelerar o crescimento do consumo das famílias, da formação bruta de capital fixo, do consumo do Governo e das exportações líquidas (expectativa de superávit comercial de US$ 52 bilhões no ano de 2018, segundo o Focus – Relatório de Mercado).

Os agentes macroeconômicos têm interesse sobre o futuro do Brasil. A economia brasileira saiu de uma severa recessão econômica no biênio 2015-2016, quando teve crescimentos negativos de 3,8% em 2015 e 3,6% em 2016. Aguardamos o resultado positivo e oficial do IBGE em relação à taxa de crescimento do PIB brasileiro de 2017, entre 0,5% e 1%.

Agora, as famílias, as empresas, o Governo e o resto do mundo pretendem conquistar parte de um dos mais pujantes mercados emergentes da atualidade. O Brasil tem 208 milhões de habitantes e é hoje um dos melhores países para os investidores nacionais e internacionais. O País precisa atrair bilhões de dólares para melhorar significativamente a infraestrutura logística, que ainda é precária. A perspectiva para 2018, ainda de acordo com o Relatório Focus, é de que entrarão US$ 80 bilhões em investimentos diretos estrangeiros (IED). É o momento de tomar decisões, realizar escolhas, para conquistar as oportunidades de crescimento e de negócios que surgirão no País.

O Brasil tem imensas riquezas, mas, infelizmente, é muito desigual. As riquezas do Brasil sempre estiverem nas mãos de poucos desde o seu descobrimento. Estamos no século XXI, e nós que acreditamos no Brasil não podemos concordar com a péssima distribuição das riquezas e das rendas ainda vigente no País.

O melhor caminho para reduzir o Índice de Gini no Brasil é por meio de grandes investimentos em educação. O Brasil mudou muito desde o descobrimento, em 1500, por Pedro Álvares Cabral. O Brasil é a nona economia do mundo, com o PIB de US$ 1,7 trilhão em 2016 (Banco Mundial), mas, com apenas 1,3%, tem uma participação muito pequena no comércio mundial.

O Brasil é o país com a maior biodiversidade da Terra. É o segundo país com o maior reservatório de água doce do mundo. É o país que tem a maior floresta tropical do planeta. O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores mundiais de alimentos, todavia, somos a décima nação mais desigual do mundo, com Índice de Gini de 0,515 de acordo com o PNUD.

Precisamos, urgentemente, melhorar as condições de vida do povo brasileiro. Porém, como fazer isso sem elevados gastos sociais? Portanto, precisamos refletir sobre os avanços e enormes desafios do nosso país. “O modelo tributário brasileiro é altamente regressivo, economicamente irracional e socialmente injusto”, segundo o Sistema Cofecon/Corecons, que representa 230 mil economistas no Brasil. De 1988 a 2016, a carga tributária brasileira elevou-se de 26,00% para 32,38% do PIB, ou seja, houve um aumento de 6,38 pontos percentuais nos últimos 28 anos.

Atualmente, temos 12,6 milhões de desempregados no País, provocando um aumento de ambulantes no mercado informal. O Brasil necessita crescer mais e melhor (chega de stop and go), distribuir mais e melhor, produzir mais e melhor e, sobretudo, educar mais e melhor. Restam apenas quatro anos para a nação brasileira presenciar um grande evento nacional. Em 7 de setembro de 2022, o Brasil comemorará 200 anos de Independência de Portugal. O planeta Terra alcançará o contingente populacional de 7,9 bilhões de habitantes no ano de 2022. Qual país ofertará enormes recursos naturais e alimentos, além de água para o resto do mundo? Resposta fácil, o Brasil.

O Brasil é uma nação rica em recursos naturais, mas tem baixa qualidade de educação (no PISA de 2015, com 72 países avaliados pela OCDE, apontou o Brasil no 59º lugar em Leitura, 63º em Ciências e 66º em Matemática) e baixos salários de professores, (o piso nacional do magistério é de R$ 2.455,33 por mês para jornada de 40 horas semanais).

O Brasil é o país emergente com a maior carga tributária do planeta, mas não oferece serviços públicos de qualidade (educação, saúde, segurança, transporte, saneamento básico etc.) à sua população. O Brasil ainda possui um longo caminho a percorrer para ingressar no seleto grupo dos países desenvolvidos. Com grandes investimentos em educação como prioridade no País, chegaremos ao momento histórico em que ultrapassaremos nossos grandes desafios econômicos (Dívida Pública Federal de R$ 3,493 trilhões, segundo o Tesouro Nacional) e sociais (11,8 milhões de analfabetos, segundo a PNAD Contínua), podendo, assim, finalmente, ser chamado de país desenvolvido.

Como promover a prosperidade da economia brasileira? Em nossa visão, dez prioridades são relevantes para promover o crescimento econômico no Brasil:

1. Mais investimentos públicos e privados em educação;

2. Mais investimentos públicos e privados em saúde;

3. Reduzir a carga tributária;

4. Maior abertura comercial do Brasil ao exterior;

5. Estimular o crescimento da produtividade do trabalhador brasileiro;

6. Aumentar a competitividade da empresa brasileira;

7. Reduzir a capacidade ociosa da indústria;

8. Aumentar as exportações;

9. Mais investimentos em P&D; e

10. Melhorar a infraestrutura, com prioridade no saneamento básico e em energias renováveis como solar e eólica, além da infraestrutura logística, mais ferrovias, mais estradas, mais portos, mais aeroportos, mais dutos.

O Brasil é conhecido globalmente por ser um dos países membros do G20 e do BRICS. O economista contribui para o planejamento e o crescimento econômico do País, colaborando para melhorar a qualidade de vida da população brasileira e possui capacidade para compreender tanto os problemas microeconômicos, como os macroeconômicos e internacionais.

Somos economistas brasileiros e, como tal, iremos lutar pelo nosso país. Iremos lutar por um futuro melhor para nossos filhos, nossas filhas, nossos netos, nossas netas. Queremos um Brasil rico, justo, sustentável, mas não podemos esquecer que de 22 de abril de 1500 até os dias de hoje, não conquistamos a estabilidade social. As desigualdades de renda e de riqueza nas cinco regiões do País revelam que somos uma economia em desenvolvimento, um país emergente, uma nação de renda média alta.

O Brasil ainda está na categoria dos países de renda média alta (entre US$ 4.086 e US$ 12.615) e sofre com o círculo vicioso da pobreza, com as políticas econômicas do Governo que arrecada muito, mas que gasta demais. O Governo Federal fechou o ano de 2017 com um déficit fiscal de R$ 159 bilhões.

O Brasil tem um PIB per capita de US$ 11.630 (2015), com juros bancários elevados, baixos investimentos, fracas exportações de produtos industrializados, gerando desemprego, provocando inadimplência (59,9 milhões de inadimplentes, segundo dados de dezembro de 2017 do SPC Brasil). Os agentes macroeconômicos numa economia aberta necessitam de menos impostos e juros baixos para aumentar a demanda agregada no curto prazo. A taxa SELIC fechou em 7% ao ano em 2017, a menor taxa desde 1995, mas ainda uma das mais altas do planeta.

O Brasil tem uma economia emergente, fechada e de muitos tributos. Temos, no País, 93 tributos (13 impostos, 35 taxas e 45 contribuições de melhoria) federais, estaduais e municipais, segundo o Portal Tributário. Com menos tributos, o PIB cresce mais, o IDH sobe mais e o Índice de Gini cai mais.

Ressaltamos que o Brasil é um país pouco integrado comercialmente e tem milhões de pessoas que não têm padrões mínimos de renda, de consumo e de bem estar, com 52,2 milhões de pobres e 13,3 milhões de miseráveis. Além de melhorar no Índice de Liberdade Econômica e no IDH, o Brasil precisa urgentemente melhorar sua posição no Índice de Percepção da Corrupção, no qual se encontra em 79º lugar, com 40 pontos, segundo dados de 2016 da Transparência Internacional. Temos incertezas, mas nunca é demais lembrar que, com exceção da reforma trabalhista, outras reformas ainda não saíram do papel, entre as quais a reforma tributária.

Apesar desses inegáveis desafios num país continental, concluímos nosso artigo com uma reflexão crítica baseada nas palavras do embaixador Rubens Ricupero em seu brilhante livro recém-publicado, A diplomacia na construção do Brasil (1750-2016) (Rio de Janeiro: Versal, 2017):

O poder efetivo brota da aquisição do conhecimento pela educação e a pesquisa, de sua aplicação à vida material, da capacidade de lidar com a totalidade dos desafios, da conquista de nível comparável ao dos [países] avançados, não apenas em isolados setores de excelência, mas em todos os setores da sociedade brasileira, a começar pelo ambiental, os direitos humanos, a igualdade de gênero, social, racial, a proteção dos membros mais frágeis e vulneráveis da comunidade.

Estamos longe desse objetivo, mas chegamos até aqui com educação e instituições que não eram melhores que as atuais. Ingressamos no século XX com dezessete milhões de brasileiros, dos quais 84% analfabetos, com expectativa de vida pouco inferior aos trinta anos, como na Idade Média. É razoável pensar que estamos mais distantes do país da escravidão do qual partimos que da meta de nação desenvolvida que almejamos atingir (p. 737).

De 17,4 milhões de habitantes em 1900, evoluímos para 93,1 milhões de habitantes em 1970, ou seja, um crescimento populacional de 75,7 milhões de habitantes (435%). De 93,1 milhões de brasileiros em 1970, aumentamos, para os atuais 208,4 milhões, ou seja, um crescimento populacional de 115,3 milhões de habitantes (123,8%). O Brasil é, assim, o quinto país mais populoso do mundo. Quando, porém, o Brasil vai se tornar, afinal, um país desenvolvido?

 

[1] Economista, graduado em Ciências Econômicas pela UFPB, com especialização em Gestão em Recursos Humanos pela FATEC Internacional. Professor do Curso de Graduação em Ciências Contábeis e em Administração nas disciplinas de Economia e de Economia Brasileira no IESP Faculdades. E-mail: paulogalvaojunior@gmail.com.

[2] Economista, graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Mackenzie, mestre em Criatividade e Inovação pela Universidade Fernando Pessoa (Portugal). Sócio-diretor da empresa SAM – Souza Aranha Machado Consultoria e Produções Artísticas. E-mail: lasam.machado@gmail.com.